Sobre o Caminho da minha Artista

Quando fui convidada pela minha amiga Luciana a participar de um círculo de leitura do livro “Guia Prático para a Criatividade”, carinhosamente chamado de “O Caminho do Artista” (porque esse é o nome original em inglês: “The Artist Way”), disse sim sem piscar. Já havia ouvido ela e outros amigos comentarem sobre o livro e estava super curiosa! Mas, sinceramente, não achava que eu era artista ou que tinha algum dom ou talento artístico ou que faria arte ou nada relacionado a isso. Só achei que ia ser legal. Ponto.

Em um dos primeiros encontros, falei abertamente com o grupo que não tinha nenhum talento artístico, pois não sabia desenhar nem tinha dom musical. Na verdade, não sei nem recortar direito. Me lembro claramente da cara do Lu dizendo: “Ah tá, veremos”. Algumas semanas depois, eu já tinha certeza que sou artista, que tenho dons artísticos e que eu estava no lugar certo.

Na verdade, nunca duvidei de que estava no lugar certo. Cada linha que a gente lia do livro da Julia Cameron tocava profundamente algum cantinho da minha alma. Sabe quando você lê algo e sente que foi escrito pra você? Então, o livro inteiro foi escrito pra mim. E tenho certeza que foi escrito para muitas outras pessoas. Via isso nos olhos dos meus companheiros iniciais e vejo agora nos olhos das amigas que eu convidei para fazer parte do meu 2º grupo, o que eu estou conduzindo. Sim, porque, desde o 1º dia, quando a Lu disse que a ideia era que cada grupo gerasse outros grupos, eu tive certeza de que formaria um círculo com as minhas amigas. Sabia até quem seriam as convidadas. Nem todas que convidei aceitaram, mas algumas artistas me disseram sim e seguem comigo nessa jornada.

Nunca pensei o que teria que fazer para ter um grupo. Só tive certeza que faria um. “Ordens unidas”, como diz a Julia? Acho que sim. Só ouvi e segui.

Muitas ideias do livro simplesmente me pareciam tão certas que não segui-las seria como ir contra mim mesma. Em muitos momentos, me joguei. Saltei e, pasmem, a rede sempre apareceu. Pedi e fui atendida, das maneiras mais estranhas, completas, improváveis e rápidas.

Da descrença em relação a mim mesma à total confiança na minha criatividade, tiveram alguns “turning points”. As Páginas Matinais, com certeza, foram o instrumento mais certeiro que já experimentei na vida. Escrevi 3 páginas quase todos os dias das 12 semanas do 1º grupo e atualmente escrevo menos do que gostaria. Sinto falta quando não escrevo.

Mas talvez o maior turning point tenha sido a lista de 20 coisas que eu gosto de fazer. Fiz essa lista no meio da minha viagem de férias e concluí que havia feito quase tudo da lista na semana anterior. Só que, antes dessas férias, tinham coisas da lista que eu não fazia há anos! Coisas de graça! Coisas que eu amo! Como podemos passar ANOS sem fazer as coisas que amamos? Como podemos concluir que amamos fazer algo e não nos comprometer a fazer isso, sempre, todo dia, diversas vezes por dia, o máximo que pudermos?

Em algum momento, depois de escrever incontáveis páginas além das 3 Páginas Matinais durante essas férias, cheguei à conclusão de que sou escritora. Que louco né? Por que nunca havia me denominado assim antes? Provavelmente porque nunca tinha escavado o suficiente. Nem confiado o suficiente.

Ainda tenho dificuldades de confiar em Deus e em mim. Mas estou melhorando. Tudo o que vivi desde o final do ano passado, quando entrei nesse caminho, só me indicam que estou no rumo certo. A recuperação é lenta e continua. Ter amigos nesse processo ajuda bastante.

Descobri, escrevendo as Páginas Matinais, que sempre escrevi sem pensar. Acho que nem quando fiz vestibular “planejei” minhas redações. Se sei o que quero dizer, começo a escrever e pronto: fiz o texto. E, a partir da 3ª página, você para de reclamar e culpar os outros e passa a formular hipóteses e tomar decisões. E, quando você chega a essas conclusões, depois de 3 ou mais páginas, não há quem te convença do contrário: você está certo do rumo que tomou. (e se não estiver 100% convencido, irá escrever mais algumas páginas a respeito até ter certeza)

As sincronicidades e as portas sempre estiveram por aí. Você que nunca tinha tomado consciência delas. Porque, quando você começa a reparar nelas, elas são muito reais para serem ignoradas. Muito do que li no livro eu já sabia. Julia só confirmava as minhas certezas, mesmo que eu nunca tivesse tido condição de verbalizá-las ou formular uma ideia a respeito. Eram certezas adormecidas, mas que, uma vez lidas, experienciadas e vividas, se tornaram parte de mim.

Acho que essa é a melhor definição desse caminho: virou parte de mim. Me vejo subindo a montanha em espiral que a Julia descreve. Estou aqui, na montanha, escavando ossos, seguindo a direção que me indicam, caminhando, às vezes correndo, apreciando a paisagem, aprendendo. Tenho certeza disso. Ninguém me explicou melhor o que eu estava passando do que ela. Julia, minha amiga.

Com o decorrer do livro, vamos virando íntimos da autora. E do caminho. E de nós mesmos.

Foi maravilhoso poder descobrir quem é a minha artista, a minha criança interior. Sou eu mesma, mas em termos muito mais divertidos do que a realidade da vida adulta comporta. Na verdade, penso que sempre soube quem era a minha artista, mas nunca havia tido tantas chances de conviver com ela a ponto de saber defini-la exatamente. Ela gosta de mato. De cães e de montanhas. Odeia o Saara e, apesar de gostar de andar descalça e comer com a mão, curte coisas fofas e fazer as unhas. Ela sempre esteve aqui e eu sempre tive certeza dessas coisas, mas foram os exercícios, tarefas e ferramentas do “Guia” que me deixaram cara a cara com ela.

Tenho um quadro com uma caricatura minha aos 8 anos de idade. De tempos em tempos, me pegava olhando para mim mesma, naquele quadro, e pensando o que “ela” (eu) acharia de alguma coisa que estava acontecendo no momento. Tinha dias que olhava pra ela e me achava super parecida com ela. Tinha dias que achava que não tínhamos mais nada a ver. Estava procurando a minha artista e não sabia. Julia colocou em palavras a minha busca. Agora que achei minha artista (eu mesma), faço questão de andar de mãos dadas com ela 24h por dia.

Apesar disso, os encontros marcados fazem toda a diferença e enchem o meu poço como muitas viagens de férias não fariam. E em 1 ou 2 horas! E, a maioria das vezes, sem gastar nenhum dinheiro.

No meio do caminho, me dei conta do que eu realmente queria fazer da vida. E, ao mesmo tempo que parecia que nada estava mudando, tudo mudou.

Se eu posso compartilhar alguma conclusão dessa caminhada, é que vale a pena fazê-la. Todo mundo, até os mais descrentes, até os menos “artísticos”, podem descobrir coisas incríveis sobre si mesmos (e sobre a vida) se decidirem trilhar esse caminho. Julia é uma ótima professora e cada linha escrita nas Páginas Matinais vale a pena. Cada sonho que você desenterra aponta um caminho. Então, escreva. Encontre seu artista. Encha seu poço. Faça.

Como começar um Grupo Criativo

Por Julia Cameron

Traduzido de: http://juliacameronlive.com/basic-tools/creative-clusters/

Preciso de permissão para “ensinar” O Caminho do Artista – Guia Prático para a Criatividade?

Não. Qualquer um pode realizar o curso ou iniciar um grupo criativo, seguindo as orientações do livro e as diretrizes abaixo. Acredito que a recuperação criativa é um processo coletivo não hierárquico. Não há certificação para ensinar O Caminho do Artista.

Diretrizes:

  1. Siga um processo de 12 Semanas, com encontros semanais de 2 ou 3 horas.

As Páginas Matinais e os Encontros com o Artista são exigidos de todos no grupo, incluindo os facilitadores! Os exercícios são feitos em ordem e em grupo, com todos, incluindo o facilitador, respondendo as questões e depois compartilhando as respostas em grupo, um capítulo por semana. Não compartilhe suas páginas matinais com o grupo ou com qualquer outra pessoa. Não releia suas páginas parciais até o fim do processo.

  1. Fuja de Gurus.

Se existe um mensageiro, é o trabalho em si, como um coletivo compostos por todos que participam do curso. Cada pessoa é igualmente parte do grupo, sem distinções. Por mais que exista um facilitador conduzindo esse caminho de 12 semanas, esses facilitadores precisam estar preparados para compartilhar seu material e assumir seus próprios riscos criativos. É um diálogo, não um monólogo – um processo igualitário em grupo, sem hierarquias.

  1. Ouça.

Cada um de nós recebe o que precisa do grupo ao compartilhar nosso material e ouvir os outros. Não precisamos comentar o que o outro falou para ajudá-lo. Precisamos parar de querer “consertar” os outros. Cada grupo compõe uma “música” própria de sua recuperação criativa. A música de cada grupo é única – como a de uma família de baleias, iniciando e ecoando o som para informar suas posições. Ao ouvir, não comente indevidamente o que está sendo falado. O círculo, como forma, é muito importante. Nossa intenção é testemunhar, não controlar. Ao compartilhar os exercícios, pode ser interessante formar grupos menores.

  1. Respeite os outros.

Esteja certo que respeito e compaixão são oferecidos igualmente por todos os membros. Cada pessoa deve ser capaz de falar de suas próprias cicatrizes e sonhos. Ninguém deve ser “consertado” pelos outros membros do grupo. Esse é um processo interno muito profundo e poderoso. Não há jeito certo de fazê-lo. Amor é importante. Seja gentil com si mesmo. Seja gentil com os outros.

  1. Espere mudanças no formato do grupo

Muitas pessoas irão completar o processo de 12 semanas. Outras não. Frequentemente há um período de rebeldia após as 12 semanas, com pessoas retornando ao curso depois. Quando isso acontece, eles continuam percebendo o desenrolar do processo, seja um ano, alguns anos ou muitos anos depois. Muitos grupos se afastam por volta das semanas 8 a 10, devido ao sentimento de perda associado ao fim do grupo. Encarem a verdade como grupo, talvez isso ajude a manterem-se unidos.

  1. Seja autônomo.

Você não pode controlar seu próprio processo, muito menos o dos outros. Saiba que você ficará rebelde ocasionalmente – algumas vezes, você não irá querer fazer suas Páginas Matinais ou os exercícios e tarefas. A recaída é normal. Você não vai conseguir fazer esse processo perfeitamente, então relaxe, seja gentil com si mesmo a segure seu chapéu. Mesmo quando você sentir que nada está funcionando, você estará mudando a uma velocidade muito grande. Essa mudança é um aprofundamento na sua própria intuição, no seu self criativo. A estrutura do curso é feita para atravessar com segurança a ponte em direção a novos reinos de consciência espiritual e criativa.

  1. Ame-se.

Se o facilitador parece “errado” para você, mude de grupo ou comece um grupo próprio. Busque continuamente sua própria orientação interna em vez de orientação externa. Você está à procura de uma relação de artista para artista com o Grande Criador. Mantenha os gurus longe. Você tem suas próprias respostas dentro de você.

O Caminho do Artista e todos os meus outros livros são o resultado de 40 anos de prática artística. Eles são livros experimentais destinados a ensinar as pessoas a transformarem suas vidas através de atos de criatividade. Todos os livros e grupos criativos devem ser praticados através de atos de criatividade, não como teoria. É minha crença e experiência como professora que todos nós somos saudáveis o suficiente para praticar a criatividade.  Não é um empreendimento perigoso que exija facilitadores treinados. É nosso direito de nascença como seres humanos e algo que podemos fazer gentilmente e coletivamente.

Criatividade é como respirar. Ajuda externa pode ser útil, mas nós mesmos fazemos o processo. Grupos criativos, onde nos reunimos com nossos pares para desenvolver nossa força, devem ser considerados como encontros tribais, onde seres criativos se reúnem, celebram e atualizam o poder criativo que percorre todos nós.

 

Fonte: http://juliacameronlive.com/basic-tools/creative-clusters/

 

Um Guia do Guia – O que você precisa fazer durante O Caminho do Artista

Logo no início do Guia Prático para a Criatividade, Julia Cameron nos dá algumas “missões”. Esse post tem como objetivo resumir o que devemos fazer durante as 12 semanas desse caminho…

Princípio Básicos

São 10 princípios que devem ser lidos TODOS OS DIAS durante as 12 semanas:

PRINCÍPIOS BÁSICOS

  1. A criatividade é a ordem natural da vida. Vida é energia: pura energia criativa.
  2. Existe uma força criativa subjacente que habita em nós e infunde tudo o que é vida – inclusive nós mesmos
  3. Quando nos abrimos para nossa criatividade, nos abrimos para a criatividade do criador dentro de nós e de nossas vidas.
  4. Nós próprios somos criações. E, em contrapartida, fomos feitos para dar continuidade à criatividade sendo criativos.
  5. A criatividade é uma dádiva que nos foi dada por Deus. Usar nossa criatividade é nossa dádiva a Deus.
  6. A recusa de ser criativo é um ato de vontade própria e vai de encontro a nossa verdadeira natureza.
  7. Quando nos abrimos à exploração de nossa criatividade, nos abrimos à Deus: direção sistematicamente eficaz.
  8. Quando abrimos nosso canal criativo ao criador, podemos esperar muitas mudanças poderosas, embora sutis.
  9. É seguro abrir nosso ser à criatividade cada vez maior.
  10. Nossos sonhos e anseios criativos vem de uma fonte divina. À medida que caminhamos em direção ao nosso sonho, caminhamos em direção à nossa divindade.

Páginas Matinais

São 3 páginas escritas À MÃO, sem censura, TODOS OS DIAS, durante as 12 semanas, preferencialmente, assim que você acordar. Não pense. Só escreva. Qualquer coisa. O que estiver te incomodando. O que estiver te alegrando. Tudo. Coloque no papel. E não leia o que você já escreveu!

Encontro com o Artista

Uma hora semanal para encontrar com seu artista interior. Sozinhos. Como seu artista está dentro de você, sim, é pra ficar 1 hora sozinho. Mas faça coisas legais! Lembre-se: é um encontro. Marque na agenda, planeje. E compareça! Uma vez por semana, durante 12 semanas.

Essas 3 atividades devem ser feitas durante todo o processo do Caminho do Artista, enquanto seu grupo estiver se reunindo semanalmente para ler os capítulos e fazer os exercícios propostos. Os encontros com seu grupo criativo são uma oportunidade para compartilhar (NÃO AS SUAS PÁGINAS MATINAIS MAS) como está sendo o processo para você, como está se sentindo lendo os princípios diariamente, escrevendo suas páginas e encontrando seu artista.

Semana 12: Recuperando a Noção de Fé

Criatividade exige fé. Exige que confiemos. Temos medo de ser criativos porque achamos melhor manter o controle a usar nossa criatividade. Mas a verdade é que nós sabemos. Todos conhecemos nossos sonhos. E o primeiro passo para realiza-los pode ser simplesmente afirma-los. Assim como afirmar que nossa fé e nossa confiança em nosso artista e em Deus.

Julia nos faz ver que nosso sonho mais verdadeiro é sempre o desejo de Deus para nós. Quando nos comprometemos em ser verdadeiros com nós mesmos, o universo nos apoia. E todas as portas são abertas. Até as que não existiam. Há um caminho para cada um de nós. Confie no seu caminho.

Normalmente pensamos, que a criatividade está associada à luz, como a lâmpada que se acende quando temos uma ideia. Só que, antes da luz acender, normalmente vivemos um período de escuridão. Faz parte do processo. Devemos aceitar esse momento de “trevas” que precede a luz. Porque ele é necessário para que surjam as ideias. Não devemos arrancá-las do pé antes de estarem maduras nem tentar pari-las quando ainda estão prematuras.

O mistério é a essência da criatividade. Como canais criativos, precisamos confiar na escuridão. É dela que surgirão nossas ideias. Para deixar nossas ideias crescer, como pão, é importante meditar no papel: nas Páginas Matinais. Refinar nossas ideias. Dá-las fermento. E tempo para o fermento agir. Deixe suas ideias no mistério e na escuridão. Deixe que elas amadureçam. Confie até que, um dia, a lâmpada se acenderá.

Pode ser difícil cultivar uma criatividade que não seja “útil” à nossa profissão. Devemos reexaminar nossa definição de criatividade para incluir dentro dela coisas que chamávamos de passatempos. Em uma vida criativa, passatempos são tão essenciais como se alimentar! Realizar tarefas mecânicas e manuais, como costura e jardinagem, são uma forma de meditação. Essas atividades também nos tornam mais humildes: ao realiza-las nos libertamos do nosso ego e nos conectamos com Deus. Muitas vezes, a partir de atividades assim, resolvemos problemas ou temos insights e ideias brilhantes.

Por isso, precisamos reaprender a brincar.  E a nos levar menos a sério. E parar de escrever arte com um A maiúsculo.

Ao utilizarmos as ferramentas do livro, especialmente as Páginas Matinais e os Encontros com o Artista, vamos nos reencontrando com nossa criatividade esquecida. Lembramos dos nossos sonhos e do que gostávamos de fazer com 6 anos. Quando escrevemos, escavamos nosso interior. Recolhemos ossos. Descobrimos, mais uma vez, que somos seres criativos. Fomos feitos para criar.

“Por mais grisalhos, controlados e sem sonhos que tentemos nos tornar, o fogo de nossos sonhos não permanecerá oculto”, lembra Julia. “A vida é feita para ser um Encontro com o Artista. É por isso que fomos criados”.

Para completar nossa jornada, Julia nos adverte a fugirmos do “teste”: sabe aquele ex problemático que liga na véspera do seu casamento com o homem da sua vida? Então, nem atenda. Mantenha-se longe dos Desmancha-Prazeres. Proteja seu artista interior, pois ele é uma criança, lembra? Aprenda a seguir o seu próprio conselho em vez de pedir a opinião dos outros sempre. E conte apenas com os aliados, ao mesmo tempo em que identifica os “inimigos” para se manter longe deles. Não se deixe enganar pelas boas intenções. Estabeleça seus limites. E, quando necessário, corra o mais rápido que puder.

Semana 11: Recuperando a Noção de Autonomia

Essa semana, Julia nos pede para aceitarmos que somos artistas. E que, com isso, precisamos aceitar o nosso fluxo criativo instável e nem sempre fácil de entender. Precisamos experimentar para saber como funcionamos melhor.

Além disso, nossa credibilidade como artistas não está na fama ou no dinheiro que ganhamos; está em nós mesmos e no nosso trabalho. Criamos o que quer ser criado. Criamos o que precisamos criar. Se ganharemos dinheiro com isso é uma outra história…

Nosso artista interior, como já sabemos, é uma criança e precisa de um pouco de liberdade. Se ajudarmos nossa criança, ela nos ajudará quando precisarmos. Precisamos nos proteger e nos cercar de pessoas que alimentam nosso artista, pois se nossa vida fica estúpida, nosso trabalho também ficará. Nosso respeito próprio vem do nosso trabalho. Independente do trabalhar estar finalizado ou não. Apenas trabalhamos e nos sentimos bem com isso.

Se não criarmos, ficamos mal humorados. Se ficarmos estagnados nosso trabalho refletirá isso porque nosso trabalho reflete a nossa vida. Nos matamos aos pouquinhos quando não alimentamos nossa criança interior. Quanto mais alimento minha criança artista, mais adulto sou capaz de parecer.

Se permitimos que nos maltratem e intimidem para que pareçamos mais normais ou mais gentis, podemos até ganhar um pouco mais de simpatia desse grupo de pessoas que nos obriga a isso, mas nos detestaremos. E aí, nos maltrataremos e maltrataremos os outros também. Não vai ser legal.

Normalmente nossas sabotagens criativas estão relacionadas a comportamentos abusivos em relação à comida, ao sexo, às drogas, ao humor. Investigue essas relações na sua vida.

A criatividade é o nosso oxigênio. Se eliminarem nossa criatividade, nos asfixiamos. E daí nasce uma verdadeira raiva. Reagimos como se estivéssemos lutando por nossas vidas. E estamos. Somos mais felizes criando. Então, pelo amor de Deus, se permita criar!

Cada trabalho criativo concluído nos leva a uma pergunta: “E agora? O que fazer em seguida?”. As novas explorações nos mantém vivos. Se fugirmos delas, ficaremos estagnados. Precisamos ter a coragem de sermos iniciantes novamente e recomeçar, sempre. Por isso, não podemos “hipotecar” nosso futuro e fazer apenas o que nos dá retorno comercial. Precisamos nos arriscar, aprender coisas novas.

Grande parte dos bloqueios existem porque somos cerebrais demais. Precisamos sair do trabalho mental e entrar no corpo. Para isso, Julia sugere que pratiquemos esportes. Se você gosta de esportes, ótimo! Use-o como meditação. Se você não gosta, Julia sugere que faça caminhadas. Apenas ande e observe. Se desligue se movimentando. Quem corre ou pedala ou nada ou pratica qualquer outro esporte sabe como somos transportados para um outro lugar quando nos empenhamos apenas no movimento que temos que fazer em seguida. Só isso já nos torna mais capazes de lidarmos com os pequenos problemas do dia a dia. E também gera insights criativos maravilhosos! Experimente.

Porque a criatividade é uma ação espiritual, Julia nos pede para criar um “altar” para nosso artista. Qualquer cantinho serve. Estabeleça um pedacinho da sua casa que seja só seu e encha de coisas que fazem o seu artista feliz. Lembre-se: seu artista é uma criança pequena que se diverte com coisas bobas. Divirta-o.

Semana 10: Recuperando a Noção de Autoproteção

Já sabemos que nossa criatividade é uma questão espiritual. Quando nos sentimos seguros de quem somos e do que estamos fazendo, a energia criativa flui através de nós. Mas quando resistimos a essa energia, nos sentimos inseguros e com medo de perder o controle. Daí pisamos nos nossos freios e bloqueamos a nossa criatividade.

Com o passar dos anos, vamos desenvolvendo diversos mecanismos de bloqueios criativos. Um deles é a comida. Comemos demais, comemos mal, comemos na hora errada. Usamos os alimentos para bloquear a energia e a mudança: álcool, sorvete, batata frita.

Outro mecanismo de bloqueio é o trabalho. Trabalhamos tanto que não temos meia hora no dia para caminhar, desenhar, assistir desenho animado.  Estamos sempre “ocupadíssimos”, com diversos projetos que nos impedem de fazer exatamente o que precisamos fazer.

O amor e o sexo também podem ser usados como bloqueio. E junto com a comida e o trabalho, são todos ótimos! Mas é o seu uso abusivo que nos traz problemas. Ao reconhecer o nosso artista, passamos a ter consciência do uso que fazemos desses elementos quando desejamos interromper o nosso fluxo de criatividade. Nós bloqueamos nosso fluxo propositalmente quando começamos a sentir o nosso verdadeiro potencial.

Todos os nossos bloqueios aliviam o medo. O medo de mudar. De nos tornarmos quem realmente somos. Sempre que começamos a sentir o vazio interior que ocorre instantes antes da mudança, apelamos para a nossa droga preferida: Comida? Trabalho? Sexo? Drogas ilícitas?

Quando escolhemos um dos nossos bloqueios, estamos vivendo a nossa curva criativa em U: viramos as costas para nós mesmos. Em vez de ouvir a nossa intuição, confiar em nós mesmos, dançar, pintar, escrever. Por isso, bloqueios são uma questão de fé. De falta de fé.

Preferimos ficar com o nosso eu tristinho e infeliz, mas conhecido, a nos lançarmos em nossa arte. Se não estivermos bloqueados algo assustador pode acontecer: talvez a gente possa até ser feliz! Isso é apavorante!

Identificar nossos mecanismos de bloqueio ajuda a não cair mais neles. A partir daí, devemos usar a nossa ansiedade como combustível para a nossa arte.

Julia nos apresenta um Teste do Vício do Trabalho. Porque trabalhar demais a ponto de não ter tempo para ser nós mesmos é um vício que desenvolvemos para bloquear nosso artista.

Para nos protegermos desse vício, ela recomenda que estabeleçamos uma Linha de Base, um limite. Estabeleça até onde você vai. E a partir de onde sai de campo. Não trabalhar em casa? Não trabalhar depois das 19h? Não trabalhar aos fins de semana? Estabeleça o seu limite.

Julia também nos lembra que períodos de “seca artística” são normais. Precisamos apenas continuar escrevendo as Páginas Matinais e enchendo nosso poço até a seca passar. Ela também nos alerta sobre os perigos da fama, quando paramos de fazer o nosso trabalho por nós e começamos a fazer as coisas apenas para satisfazer os outros. Outro problema é a competição. Nos comparamos com o desempenho dos outros em vez de nos concentrarmos em nosso próprio trabalho.

Para criar, precisamos entrar dentro de nós mesmos e seguir a direção que nosso artista nos indica. Não devemos depender de aprovação externa. Fazer o trabalho é a vitória mais importante.

Semana 9: Recuperando a Noção de Compaixão

Julia Cameron começa essa semana nos lembrando de que é importante chamar as coisas pelo nome correto. Um caso típico é dizer que nós, artistas bloqueados, somos preguiçosos. Não, não somos preguiçosos. Somos bloqueados.

Essa identificação é importante porque continuar bloqueados nos faz gastar uma quantidade considerável de energia sentindo aversão a nós mesmos, culpa, tristeza, inveja e duvidando do nosso talento. Desse modo, nos sentimos incapazes de dar os primeiros passos. E isso se chama medo.

O medo é o nome do sentimento que atormenta os artistas bloqueados. Esse medo tem raízes na nossa infância e, normalmente, está relacionado ao julgamento de nossos pais. Como modo de confrontar isso, achamos que precisamos ser grandes artistas, ou nunca seremos artistas. A necessidade de ser um grande artista ou produzir uma grade obra de arte dificulta sermos artistas. Afinal, para nos tornarmos grandes artistas, precisamos primeiro ser iniciantes. Permita-se ser iniciante. E cure seu medo com amor. Pare de gritar com si mesmo. Seja gentil.

Outra coisa que precisamos mudar é a ideia de que, para fazer arte, precisamos de muita disciplina. Julia nos diz que, mais importante do que sermos disciplinados, é termos entusiasmo. Afinal, estarmos entusiasmados é um estado emocional, muito mais adequado à diversão que é fazer arte do que a disciplina militar. Criar é uma aventura, uma brincadeira que diverte nossa criança artista.

“É a alegria e não o dever que contribui para um relacionamento duradouro. ”

Nossa recuperação artística exige um compromisso com a nossa saúde, pois a ideia de ser um artista produtivo e feliz é ameaçadora para pessoas acostumadas a serem infelizes para atender suas necessidades. E não é isso que todos nós, artistas bloqueados, fazemos?

Angariamos mais simpatia como artistas disfuncionais do que como artistas funcionais e, se nos tornarmos dependentes da simpatia, no lugar da criatividade, sabotaremos a nós mesmos. É o que Julia denomina “curva criativa em U”, ou suicídio criativo: abandonamos nossa recuperação no amanhecer de nossa primeira vitória artística. A curva em U é resultado de uma súbita indiferença em relação ao produto de nossa criatividade. Penamos: “De que adianta isso? ”.

Precisamos continuar a trabalhar! Agora que estamos na estrada, e ela é assustadora, não podemos nos deixar desviar pelas distrações ou colisões. Mais uma vez, o remédio é sermos gentis com nós mesmos. Todos os artistas se sentem desencorajados às vezes. Precisamos desenvolver a capacidade de evitar e se recuperar das curvas em U. Toda carreira tem fracassos. O truque é sobreviver a eles.

Um bom começo é reconhecer que estamos com medo e pedir ajuda.

Para criarmos, precisamos estar livres de ressentimentos (raiva) e resistências (medo). No fim do capítulo, Julia propõe um exercício. Pense em um projeto seu e liste todos os ressentimentos e resistências relacionados. Escreva tudo, inclusive os sentimentos pequenos, mesquinhos e irracionais e os medos bobos. Então, pergunte a si mesmo: o que eu ganho não fazendo esse trabalho?

Por fim, faça um contrato com si mesmo: “Ok, Grande Criador, eu cuidarei da quantidade, você cuida da qualidade. ” Assine seu contrato e o deixe em algum lugar visível.

Semana 8: Recuperando a Noção de Força

Essa semana iremos aprender a lidar com nossas perdas artísticas. Para superá-las, é preciso reconhece-la e compartilhá-la. Como normalmente não falamos sobre nossas perdas criativas, porque não queremos “chamar a atenção” para elas, normalmente se transformam em cicatrizes dolorosas, que reforçam nossos bloqueios.

Temos que lamentar essas perdas, pois nossa resistência racional é maior que nossa resistência emocional. Algumas perdas estão relacionadas às críticas prejudiciais a que todos nós, artistas, estamos expostos. E umas das críticas mais duras são as que recebemos de nossos professores ou tutores.

Julia descreve o ambiente aniquilador de sonhos que pode ser uma instituição acadêmica, onde, muitas vezes, os alunos são desencorajados por professores frustrados por suas incapacidades criativas. Intelectuais imersos em seu intelectualismo, que os afasta de sua criatividade, eles não estimulam seus alunos criativos. Pelo contrário, é comum que sonhos e obras de arte sejam destruídos por quem deveria encorajá-los.

Como artistas, temos dificuldade de seguir regras que não são as nossas. A fata de audácia, aliada ao abuso e à má nutrição de nossa criatividade, pode incapacitar artistas muito talentosos.

Por isso, precisamos lamentar nossas cicatrizes. A princípio, pode parecer dolorido demais e pouco vantajoso, mas é extremamente necessário. Precisamos aprender a curar nossas feridas e sobreviver a elas. Se permita admitir a existência das suas feridas.

Em alguns momentos, as nossas perdas normalmente são ganhos disfarçados. Como identificar isso? Se pergunte: De que forma essa perda pode me ser útil? Muitas vezes, nossas perdas nos apontam caminhos. Reconheça isso. E pergunte-se “Como?” em lugar de “Por que eu?”. Não se vitimize. Aprenda o que tiver que aprender e diga em frente.

Segundo Julia, a chave para a resiliência profissional é o auto fortalecimento e a escolha. “Não deixe que os bastardos o desanimem”, nos lembra.

Precisamos usar a dor de modo lucrativo para nós. A sugestão de Julia para superar a dor é a ação: tome uma atitude. Qualquer atitude. Compre flores para si mesmo. Faça um chá. Dê uma volta no quarteirão. Algo que te sirva como um consolo. Algo que diga para si mesmo: “Reconheço a sua dor. Aqui está algo para te animar. Daqui a pouco passa.” Lembre-se: seu artista é uma criança. Precisa de consolo quando se machuca.

Ao considerar a noção de tempo, não se considere “velho demais” para fazer o que você gosta. Se você não tomar nenhuma atitude, não aprender a tocar piano, não escrever seu romance, não se inscrever no curso de aquarela, vai continuar tendo a mesma idade que terá se fizer alguma coisa a respeito. E ainda terá feito algo que gosta!

Utilizamos essa desculpe de que “sou velho demais pra isso” toda vez que estamos com medo de algo. A arte acontece no momento e, no momento, somos eternos. Não use essa desculpa para impedir o seu progresso como artista. O movimento em direção à meta é tão prazeroso…

Concentre-se no processo! E não no tempo que irá levar para concluí-lo. Julia nos convida a “preencher o formulário” a cada dia. Ou seja, fazer o pequeno próximo passo que precisamos fazer hoje. Comprometa-se com uma pequena tarefa por dia em direção ao que você sonha. Arte demanda atividade. Faça.

Semana 6: Recuperando a Noção de Abundância

A gente pode até confiar em Deus, mas normalmente não costuma acreditar que Ele se envolva com dinheiro. E, principalmente, não acreditamos que devemos confiar em Deus nos ajudar com nossos “luxos” criativos, como aulas de dança, visitas a museus ou viagens internacionais. Assim, nos apegamos às nossas necessidades financeiras como prioritárias e deixamos de lado nossa arte e nosso crescimento espiritual.

Temos uma crença de que trabalho tem que ser árduo e não divertido. E aí nossos desejos, como escrever, dançar e cantar, são considerados frescuras e deixados de lado, enquanto nos dedicamos a planilhas, e-mails burocráticos e reuniões enfadonhas. Julia nos lembra que isso não é verdade.

Tendemos a acreditar que o que Deus deseja de nós é diferente do que nós desejamos para nós mesmos. Isso se baseia nas ideias erradas que temos de Deus, como um pai (ou chefe) severo e rígido. Por isso, precisamos mudar esse conceito que temos dEle. E você já sabe onde pode fazer isso né? Nas suas Páginas Matinais!

Também precisamos mudar nossa concepção de que, se é divertido, não é trabalho. Basta olharmos para a criação divina para ver que Ele deve ter se divertido bastante criando plantas, flores, bichos e o próprio corpo humano!

“Se tomarmos conta dos negócios de Deus, Ele tomará conta dos nossos”, acreditam os Alcóolicos Anônimos. Quando esperamos receber ajuda divina, costumamos receber ajuda divina. Para nós, esses argumentos podem parecer bobagens. E, assim, quando temos oportunidade de escolher entre um realizar um sonho ou fazer um trabalho chato, acabamos escolhendo a segunda opção. Depois, culpamos Deus por nossa miséria, quando fomos nós que tomamos a decisão de deixar o sonho de lado. Será que há alguma virtude moral em se martirizar?

Basta começar com pouco, mas comece hoje a aproveitar as oportunidades. Se dê de presente pequenos agrados e pausas. Seja generoso com você nas pequenas coisas.

Mas os “luxos” que incentivamos devem ser autênticos, ou seja, algo que faça sentido pra você. Uma caixa de lápis de cor. Um apontador rosa com glitter. Cadernos bonitos. Culpamos a falta de dinheiro como motivo do nosso bloqueio, mas o bloqueio se dá porque paramos de cuidar de nós mesmos. Paramos de encher nosso poço.

E não se deixe influenciar por desmancha-prazeres que, com toda certeza, aparecerão para te dizer que o que você quer não importa ou não vai dar em nada. Proteja o seu artista.

Pergunte-se o que te causa alegria. Coisas bobas servem. Reserve tempo para si mesmo. E um pouquinho de espaço físico também.

Às vezes, precisamos de uma caneca nova. Ou de tintas. Pode parecer tolice à primeira vista, mas Julia nos lembra que a categorização como “tolice” é só uma defesa do nosso adulto lutando contra a nossa criança recém recuperada. Artistas são uma tolice. Mas da brincadeira séria nasce a arte séria. A questão é nos permitir brincar.

Um dos exercícios sugeridos nessa semana é que você anote seus gastos para ver onde está gastando seu dinheiro. Reflita sobre seus gastos e sobre quanto você efetivamente gasta se divertindo. Mas com os eu tipo de diversão! E tente ser mais generoso. Muitas vezes, uma pequena quantia bem investida da forma certa (R$10!) faz muita diferença.

Semana 5: Recuperando a Noção de Possibilidade

Costumamos limitar nossas possibilidades não nos levando muito a sério, nem confiando que Deus pode nos ajudar a realizar o que sonhamos. Colocamos um limite no quanto Deus pode nos ajudar, como se ele não fosse o Grande Criador do Universo, com poderes ilimitados. “Somos pão-duros conosco”, diz Julia. E achamos que não merecemos ajuda de Deus.

É claro que temos que fazer a nossa parte, mas também temos que acreditar que podemos fazê-la para pedir ajuda a Deus. “Reze para alcançar o ônibus e então corra o mais rápido que puder”, mas isso só vai acontecer se você estiver convencido de que é capaz de alcançar o ônibus.

Devemos receber todos os bens que Deus nos dá como um ato de adoração e sem a ideia de escassez, como se nossa “sorte” pudesse acabar. Deus é ilimitado e todos temos acesso à mesma fonte, ou seja, nossa abundância não acaba com as chances das outras pessoas. Pelo contrário: ao aceitarmos a ajuda de Deus em nossas vidas, incentivamos que outros façam o mesmo.

Além disso, precisamos deixar o fluxo divino se manifestar onde ele deseja e não onde nós queremos que ele se manifeste. Quando nos dispomos de aceitar o bem de qualquer fonte, e não apenas da que achamos que é a correta, recebemos mais ajuda.

Colocamos nossas vidas criativas apenas em mãos humanas e assim as limitamos. Precisamos aprender a ouvir Deus. E as Páginas Matinais são um local perfeito para isso!

Ao nos libertarmos de nossos medos e ouvirmos nossa criança interior, passamos a ser mais espontâneos. Esse é o processo de encontrarmos nosso rio e seguirmos o fluxo. Julia nos lembra que ao substituirmos o “de jeito nenhum” pelo “pode ser”, nos abrimos para o mistério e para a magia. E para a diversão também!

Quando confiamos em nosso guia interior, perdemos o medo da intimidade e não confundimos mais outras pessoas com o poder de Deus. Desse jeito, deixamos de lado a idolatria, a dependência e a adoração de uma pessoa, lugar ou coisa. Passamos a ser dependentes apenas da fonte.

Muitos de nós acreditam que temos que nos esforçar muito para conseguir qualquer coisa. Julia chama isso de “sacudir as árvores”. Ela nos lembra que essa atitude é útil, mas nem sempre funciona como nós queremos. Sacudimos macieiras e recebemos laranjas. Ela nos aconselha a usar as árvores para dar os passos iniciais em direção ao seu sonho e ver o que o universo lhe reserva.

Como artistas que somos, precisamos da solidão, ele nos alimenta e nos inspira. Mas com frequência ocupamos nosso tempo com familiares e amigos, que não entendem nossa necessidade de ficar sozinhos. Caímos na armadilha da virtude e deixamos de lado nossas reais necessidades para deixarmos os outros satisfeitos. Queremos ser úteis e não egoístas.

Então, destruímos nosso próprio eu (aka somos autodestrutivos) para sermos considerados bons filhos, pais, mães, esposas, amigos e tudo mais. Construímos um falso eu para nós mesmos. E recebemos aplausos por nossa virtude, enquanto continuamos bloqueados. E infelizes.

Julia nos apresenta alguns exercícios para identificar se somos autodestrutivos e continuarmos no caminho de nossa recuperação.